sábado, 31 de janeiro de 2009

Pescarias

Quando se fala das riquezas de Angola, há normalmente uma que fica esquecida: a pesca.
Toda a costa angolana é rica em várias espécies de peixe.
Nas terras onde tenho passado é este o verdadeiro sustento de muitas famílias.
Pesca completamente artesanal. Pura e dura.
Nada de grandes indústrias ou tecnologias.
Arranjar as redes, ir ao mar, amanhar o peixe, pô-lo a secar, e procurar quem compre.
Vidas duras.
Uma diferença grande em relação ao que eu já conhecia é o processo de secar o peixe.
É compreensível que se seque o peixe: com tanta dificuldade em ter energia eléctrica (e em ter o próprio frigorífico) esta é a melhor forma de o conservar.
Em todas as terras se conseguem ver os grandes tabuleiros cobertos de peixe... ao sol (alguém se lembra da história do João Pateta?).
Um dos pratos típicos que leva peixe seco é o kalulu.
Tenho de experimentar.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sumbe

Sumbe é a capital da província do Cuanza Sul.
Disseram-me que o nome vem da palavra "kusumba", que significa qualquer coisa como "comércio" em quimbundo, a língua local.
Até 1975 chamou-se Novo Redondo.
Sendo o Sumbe perto do mar, a única parecença com o Alentejo que consigo identificar é a sua pacatez e a simatia das suas gentes.

A cidade é pequena e consegue-se visitar rapidamente a pé.
Como noutras cidades angolanas, as poucas ou nenhumas construções recentes dão-lhe o seu encanto, fazendo com que algumas ruas pareçam saídas directamente dos anos 60.

Refira-se que o fornecimento de electricidade é ainda bastante instável e a cidade toda passou praticamente dois dias inteiros sem luz devido a uma falha de abastecimento.
Para quem está de passagem, valeu pela experiência... mas viver assim...

Porto Amboim

Porto Amboim: primeira verdadeira escala na viagem.
Cidade pequena, onde os relógios parecem ter parado há uns tempos atrás.

Já se chamou Benguela e Benguela Velha (depois da criação da "nova" Benguela, mais a sul).

A história da cidade liga-se de forma umbilical ao Caminho de Ferro do Amboim.
Nos anos 20-30, quando as estradas e os automóveis eram uma alternativa pouco fiável, foi construída a linha do combóio para expedir os produtos agrícolas (sobretudo o café) produzidos mais no interior (no Amboim).
Porto Amboim era a estação terminal e o porto marítimo: o Porto do Amboim.
Pela sua importância e para evitar confusões com o nome de Benguela, é a própria companhia dos caminhos de ferro que solicita a alteração do nome da cidade para Porto Amboim.

Hoje em dia não há porto nem combóio, mas Porto Amboim continua lá.

Embondeiros

A paisagem repete-se ao longo desta parte inicial da viagem.
Terra acastanhada e vegetação dispersa.
Impõem-se os cactos-candelabro e os embondeiros.

Os embondeiros são árvores imponentes e diferentes.
Parece que têm a raiz virada para o céu.

Há uma lenda que diz que era uma árvore como as outras mas, por ser vaidosa e estar sempre a gabar a sua magnífica folhagem, foi castigado pelos deuses, que o virou de pernas para o ar, enterrando a folhagem e deixando de fora apenas as raízes.

Rio Kwanza

Continuando para sul: o rio Kwanza.
Ou Quanza, ou Cuanza, ou Kuanza, ou Coanza, ou ...
Acho que ainda não há uma grafia uniforme para o nome.
Aliás, é sempre uma confusão com K, Q, C e com os W e U.
O rio tem o azar de ter as duas dúvidas no nome.
Os mais matemáticos podem-se divertir a calcular quantas combinações são possíveis para escrever o nome. Não é difícil.

É o maior rio inteiramente angolano.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Miradouro da Lua

Quem sai de Luanda para Sul, o Miradouro da Lua é a primeira paragem obrigatória.
O nome é bonito.
A paisagem é lunar.

O Desterrado está de volta

Passado já algum tempo sobre as últimas aventuras, o Desterrado está de volta.
Desta vez Angola.
Uma viagem aos quatro cantos deste imenso País.
Nos próximos tempos muitas histórias irão ser contadas por aqui.